terça-feira, 9 de junho de 2009

Síndrome Eliot;

"A poesia não é uma liberação da emoção, mas uma fuga da emoção; não é a expressão da personalidade, mas uma fuga da personalidade. Naturalmente, porém, apenas aqueles que têm personalidade e emoções sabe o que significa querer escapar dessas coisas." - T.S.Eliot

Ao tomar conhecimento deste fragmento produzido pelas mãos de T. S. Eliot, autor ainda pouco desvendado por mim, surgiu em minha mente uma idéia de extrema comprovação, pela qual tomo conhecimento através da própria experiência.
Quantos dias passei em claro tentando, sem grande sucesso, arrancar sentimentos através, apenas, do ato intrínseco a mim: escrever. Soa como insanidade – afirmar e, de certa forma, eternizar no papel o que se pretende esquecer – tal feitio, porém este me parece ser a única saída quando nada mais consegue me puxar para fora deste oceano salino do alar mental. O que é escrever, afinal, senão um frustrado escapismo da realidade? Algo como uma tentativa vã não de desvendar, mas de deixar para trás o que queima por dentro.
Tento esquecer quem sou e o que sinto quando meus dedos soltam palavras através da caneta, porque só assim consigo parar de sentir; só assim consigo olhar para o espelho e ver um vácuo através dele. E por que fugir disso tudo? Porque sentir dói e viver amedronta. Quem sente compreende o que cada segundo nos acarreta: viver. Existir é fácil, pois qualquer coisa existe, porém viver é penoso. Viver é como estar no olho do furacão de sensações e sentimentos, como sentir trilhões de coisas ao mesmo tempo ao ponto de não lograr nem distinguir nenhuma delas. E , como já disse o senhor Eliot, “apenas aqueles que têm personalidade e emoções sabe o que significa querer escapar dessas coisas”, ou seja, apenas quem sabe o que é viver consegue auferir a sensação de fugir, mesmo que por um segundo, da vida.