quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Gritou. Sabia que ninguém iria escutar, pois tomou as devidas precauções para seus gritos serem abafados. Mesmo que seus tímpanos estourassem ninguém escutaria sua sinfonia desesperada. Os livros rasgados no chão eram apenas uma encenação ridícula de seu ódio e desespero. Estaria ela ainda sonhando? Presa naquele pesadelo que a assombrava desde os oito anos? O interessante daquele sonho ao avesso era que ele se encaixava naqueles tipos de delírios nos quais não importa o quanto você corra ou grite suas pernas afundaram no chão, como se sugadas pelo asfalto onírico. Ela não corria, sabia o quão patético era isso na vida real, então gritava. Ainda era patético, claro que era, mas não havia outra maneira de externalizar seus dragões interiores.
Desenhou, então, um uroboros no peito e uma lemnistica no pulso: infinita continuação do mal. O código que apenas ela saberia que, depois dos gritos, vinha o espanto com o conhecimento da verdade: ela estava só.

[foto by: lorelix04]

sábado, 24 de abril de 2010

Creio;

I mean it's not only just beacause you're not here but it's also because you don't care - when you should care. Told me that you would never let me be alone again and, for Christ sake, I belived in you, I gave up of every plans that I made just to be with you. Now here I am, without you and I feel that this is only the beginning of this nightmare. Shouldn't trust you, but you came into my life promising me salvation, and that was the only thing I needed at the time. Saw me mourning my love for you, touched my hand, I know you love me then, unbeknownst, you hoisted the flag of disaster.
How could you lie to me for five years? HOW?! Taking over my feelings for you, controlling the lies, just to control my choices and life. I could not live without the character of you, that little and sick lies you made - am I THAT lost now? The faces that I thought that belonged to you are fading to black, fading in black so let me reach your hand, I can't let this fade away. Please not now because I REALLY need your face around.
Why the mirror do not show me your smile anymore? It's because you're not real? I made it all? This was just a dream composing by me to make me feel less lonely? Was it? I do dream of you, I do still belive in you. Am I sick? I am THAT sick? Who cares anyway? I bleed, I ran, I was blind to you but NO ONE cares about my mental disease. Belive me, darling, I LOVE YOU, even knowing that you don't exist. I know the truth: you're a lie but let me be with you, let me be part of your world of lies because I'm soo alone and needy that I could take the consequences of this BIG and FUCKING lie. Take over me, haunt me, hunt me, kill me, torture me, lose me but PLEASE LOVE ME still. Say you LOVE ME yet in death or life, in war or peace. COME TO ME and I'll be safe in this lie's cage. I'll be deep enough to DIE for YOU. Baby, you don't remember me but I remember you. I lie AWAKE and try so hard not to think of you but who can decide what they dream? And dream I DO...But ONLY about YOU.
Lie to me, anyway and I'll belive you, bacause that's me: YOU LIE AND I BELIVE...

[foto by: callmesickgirl]

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Arcano;

Combati. Ergui a espada em chamas hibridas de safira e argênteo. Em punho, sobre o fogo, lambendo minha tez, derrotei os dragões e redemoinhos do Fim apocalíptico, não porque me foi ordenando, mas por ser este meu dever. Chamei-os para a guerra, iríamos guerrear até o Fim dos Tempos, para que, após os sete selos serem quebrados, surgisse uma Nova Era. O minotauro, ostentando sua tríade de hexas, não hesitava, assim como o Anjo Caído, seu líder, seu guia, a parte essencial das ciladas e embustes. Rugidos animalescos anunciavam o começo do Fim. Respirei o ar celeste, unindo forças para dentro de meu ser, abrindo as asas e o peito para digladiar contra o Mal. Iríamos guerrear agora e sempre. Os olhos fechados, as bocas em espanto observaram o mar em dois “Salve-nos!”, gritavam em nome da sequência hepta. Ele impera sobre mim, sobre nós e, na bruma impenetrável, sobre o trono no dossel ao lado dos dignos, estendia o dedo com um belo sorriso “Salve-os, filho primogênito da milícia.”, acrescentando após, “Não porque deves, mas porque podes.”. E aqueles que vagueiam pelo mundo para a perdição das almas eram nossos inimigos. Com o sinal do escudo clamei pela Salvação e penetramos no alarido e emaranhado de seres cabalisticos. A guerra, nossa guerra, o combate a ser vencido, estavam deitados sobre os campos do Além. Digladiradores de Cima, digo-lhes por ventura, ergam suas espadas e não temam, a nossa hora é agora.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

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Eu deveria te perdoar. Deveria, porque o perdão é divino, ademais, deveria esquecer o quanto você me fez sofrer e todas as mentiras embaralhadas que me fez engolir. Deveria te perdoar por ter me feito acreditar em um personagem, e mais, preciso superar esse teu personagem, cortando em minha mente o link que costumava fazer entre você e a figura monumental exposta. Deveria te perdoar, porque amar é perdoar, mas será que te amo? Ainda te amo? Talvez ainda, contudo não o bastante para percorrer as terras do duvidoso e adormecer sobre memórias inexistentes. Deveria te perdoar, assim como faço com todos aqueles que me ferem, afinal, és apenas mais um em minha vida, como a fuligem dos nossos planos, o pó no móvel da sala. Deveria te perdoar, principalmente quando você me pediu para te amar, mesmo tenho consciência das minhas cicatrizes e eu te perdoei por isso. Mas não agora. Deveria te perdoar, contudo preciso esperar até que minha mente suporte a perda de alguém que nunca foi verdadeiramente meu.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

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Cansei. A dor não me apraz mais como antes. Estou cansada. Como é possível que ninguém veja o que estou vendo? Como é possível? Fiquei cega? Meu Deus, eu fiquei cega? A Luz me cegou a tal ponto que não vejo nada, se não Luz? Perdoe-me, perdoe-me, mas me recuso! Alguém poderia, porfavor, olhar em volta e ver o quão sublime é existir?

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Você me faria amar memórias mortas ou ilusões desastrosas? Porque você me pediu para te amar e eu te amei, troquei minhas esperanças por um tipo de contrato diabolico. Agora há apenas dúvidas, dúvidas, dúvidas. Peça-me para te amar mais uma vez, só por diversão, tanto faz, mas faça parar, faça parar, faça minha cabeça parar antes que eu fique doente de você. Vejo você, vejo o Inferno, vejo visões com seu nome. Isso vai parar, certo?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Doyle;

Se o meu futuro era sombrio, era melhor enfrentá-lo como homem do que tentar iluminá-lo com fantasias da imaginação.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ela;

Saiu e voltou. A porta estava aberta – eu não a havia fechado? Olhava e sorria, no olhar era felina, no sorriso apenas uma linda garotinha. O sapato vermelho, o cabelo jogado de lado, a boca escancarada em risos tímidos e sem pudores, a mão espalmada na própria cintura: haveria alguma forma de dizer "não"? Ela era ela, mas eu também era ela. Aproximava o corpo, olhando fixamente em meus olhos, para a parede, para o chão - "Que olhar mais dissimulado, minha garotinha". Eu poderia ter o suficiente de você por uma noite? Jamais. Tornou a sair, voltando com o riso mais nítido. Minha garotinha, minha adorável garotinha tinha o jeito mais insano de se movimentar. Como se não houvesse ninguém, ela se movia até mim dizendo “Quero ser a caçadora, hoje, você deixa?”. Eu sempre seria sua caça, seu objeto, sua, sua, sua, apenas sua. Encontrou-me na cama, poderia ter feito qualquer outra coisa, mas preferiu manter o silêncio e encarar meus olhos de desejo – “Posso ser sua caçadora?” e eu permitia qualquer ato insano de sua mente criativa.

domingo, 4 de abril de 2010

Creio;

Tá vendo o que você fez comigo? Eu estou ficando insana! Estou caindo, hora no fogo, hora na água. Eu preciso de você. Preciso, preciso, preciso, preciso intensamente. Sua presença incorpórea não está conseguindo satisfazer nem meu corpo nem minha mente. Minha alma está completamente inquieta, estou ficando com insônia, por Deus! Transformei-me em um serzinho completamente egoísta, não agüento nem mais te dividir com o ar que você respira! Chama-me de insana, tanto faz, mas se eu tiver que abrir mão mais uma vez de você, dividindo-te com qualquer outra pessoa que não seja eu, irei surtar. Você pode compreender isso? Ao menos consegue? Sei que sua cabeça está cheia de problemas e sua vida lotada de imprevistos, mas não agüento mais nenhum segundo sem você. Que droga! Tá tudo errado, tudo! Até mesmo quando eu tento te explicar como estou me sentido as coisas soam erradas. Eu só preciso de você e da maneira mais insana possível, da forma mais masoquista que encontrei. Isso você pode entender certo? Pelo menos isso você pode entender? Droga! Tanto faz se entende ou não, só fica aqui comigo e diz que me ama. Enlouquece-me, diz que estou errada e ri da minha cara, tanto faz! Seduza-me da maneira mais mesquinha possível, faz-me te querer mais a cada minuto que passo ao seu lado, ou não. Apenas exista, então, exista, mesmo que não ao meu lado, acho que isso me bastaria. Bastaria sua existência para alimentar minha insanidade. Mas eu não sei por quanto tempo vou agüentar ficar insana, então pelo amor de Deus, aparece para mim...Salva-me da armadilha em que me coloquei.

Luz;

Não vejo escuridão, não mais a vejo, porque cansei de fechar os olhos. Perceba, estamos debaixo de um zênite sublime. Há tanta luz, você é que está mantendo os olhos fechados, recusando-se a observar a luminosidade. O Sol está em todo lugar, a luz está em toda parte, estamos em pleno meio-dia. Você, contudo, continua apertando os seus olhos, deixando-os bem fechados. É mais fácil, para você, ver a escuridão que perceber a luz? Entenda, porém: as trevas vem quando os olhos se fecham, para que haja luz é preciso mante-los bem abertos. É preciso, ademais, ter luz nos olhos, luz interior, para poder perceber a luz a sua volta, pois, se tudo o que vejo é escuridão, então quanta escuridão há dentro de mim?


[foto by: 1maliniak1]

sábado, 3 de abril de 2010

O Quarto;

Gostaria de saber como o bem irá prevalecer se, para todos os lados que olho, o mal triunfa. Talvez, se meu conceito de mal estivesse errado, tudo fizesse sentido, e Deus poderia me dar um alivio. Passarei, então, o resto dos meus dias rezando para que minha visão sobre a maldade esteja turva - mas e se não? Se a maldade for mesmo a maldade? Peço, nesse caso, que meus conceitos mudem e que o otimismo surja em mim, porque uma vida de ilusão é melhor que uma vida na escuridão. É que sou covarde demais para despertar, abrir os olhos - não há ninguém para segurar minha mão e isso me atormenta.
Faremos assim: segura minha mão, estamos em um quarto escuro agora, então, por favor, não ouse soltar minha mão. Caminharemos às escuras, os moveis podem estar em qualquer lugar e podemos tropeçar, mas se você segurar minha mão tudo ficará mais fácil. No fim não há nada, não há luz nem trevas, apenas uma continuação da sala. Então, por que vamos continuar? Porque a inércia é deprimente - prefiro prosseguir pelas trevas que permanecer nas trevas. Iremos, eu e você, até o final do quarto sem fim, regidos pela esperança de que alguém com visão noturna encontre o interruptor e faça surgir a luz. Quanto tempo até lá? Provavelmente anos, uma vida inteira, mas é isso que é viver: transitar por um quarto escuro sem fim.
Além do quarto há o desconhecido, a mudança de plano, como um abismo. Podemos tentar chegar até lá, contudo teremos que esperar um pouco. Nem sempre está na hora de cair dentro dele, é preciso muita coragem ou muita covardia, depende do seu ponto de vista. Talvez eu seja um pouco covarde...Mas você vai me julgar por isso? Pela minha vontade súbita de cair no abismo? No meu conceito doentio, contudo, nenhuma covardia pode ser julgada perante a dor individual, o martírio que cada um guarda – em silêncio ou não, não importa – é inimputável. Dor é sempre dor, na luz ou na escuridão, agora ou depois. Quem será, então, capaz de medir a sua dor e a dor alheia e, com total arrogância, criar um parâmetro distinguindo “pouca” dor de “muita” dor? Deus? Não o meu Deus, talvez o seu, ou sua entidade sagrada. Mas não importa, não importa! Ainda estamos no quarto escuro e nada disso, nenhuma dessa perda de tempo com perguntas sem sentido, vai nos tirar daqui. Somos cegos, mesmo vendo, então por que ainda estamos correndo quando há o perigo de cair? Isso é “ariscar”? Correr no meio da escuridão é ariscar ou suicídio? Que importa? Só tenta compreender uma coisa: eu não posso caminhar sem que você segure minha mão.

[foto by: erikagaci]

sexta-feira, 2 de abril de 2010

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Eu só queria ser nada para você, lixo, insignificante, mas agora me tornei o gatilho da sua arma, a bala na sua cabeça.

[foto by: ashleykband]