quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

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E às vezes suas palavras não me interessam, seus atos, suas aflições. Por um momento nada mais importa, mesmo algo vindo de você. Então não fale, apenas me beije caso contrário serei capaz de enlouquecer.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Passos;

Quando você se foi fiquei na porta contando seus passos, como se medindo nossa distância porque, quando fosse preciso, eu andaria pelas ruas, na mesma quantidade de passos, para chegar mais perto de você. Mas se for preciso, irei transpor cada milímetro para dentro de mim, tornando isto de alguma forma mais suportável e então, quando a saudades ultrapassar os limites, escaparei de minha cidade – ou até mesmo de meu próprio corpo, enviando meu espirito até você – apenas para te dizer o quanto tua presença me faz falta.

 I miss you.

[foto by glamz]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Creio;

Mas que saudades me bateu de falar para o mundo o que escondo em pensamentos :) Com sua licença, mundo, mas hoje eu vou gritar meus sentimentos e prometo não embaralhar minhas palavras :D

[foto by: ancientvoodoo]

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Talvez se Bonnie tivesse tido tempo o suficiente, ela perceberia que não valia a pena amar tão desenfreadamente e então não haveria mais Bonnie e Clyde, apenas Bonnie, sem mais "Suicide Sal" morrendo por "Jack", girando de forma violenta em torno dele. Provavelmente, se Julieta fosse um pouco mais adulta e não tão jovem, sua paixão, na mesma velocidade que ascendeu, ruinaria, como um império em chamas – do fogo feito, para o fogo condenado. De tal forma, Romeu e Julieta de tragédia passaria a comédia. Quiçá, ainda, Paris conquistasse aquela que lhe era prometida. E, a partir disso, mesmo não sendo parte de nenhuma história épica, posso dizer que era assim que deveria ser comigo: apenas eu, sem você me fazendo girar em torno de seu eixo, do fogo e para o fogo iríamos. Mas não o foi. A primeira vez que nossos olhos cruzaram não consegui respirar, foi como girar sem parar e eu sabia: morreria por você. E nada mais era a mesma coisa. Foi como um tornado conhecendo um vulcão, como Bonnie e Clyde. A segunda vez foi agonizante, como queimar em uma pira e estar muda – você tinha meu coração para sempre. Eu não apenas morreria por você, como morri, o antigo eu se foi – e dessa vez eu queimei como Julieta. E eu sabia que não deveria, mas a tentação, o prazer de ser sua foi maior que qualquer outro desejo, como se eu estivesse cega, então Paris não existia – acho que foi assim que Julieta se sentiu após ver Romeu.  Agora não posso dizer exatamente o que é apenas como isso me faz sentir. Será que perdi a noção? Quanto mais tento lutar contra, mais me sinto perdendo essa luta, essa guerra – já tentou apagar um incêndio com o próprio corpo? É inútil fugir de você porque de repente eu estava no meio de um vulcão, girando dentro de um tornado. Como se escapa de algo maior que você mesmo? Talvez me falte tempo, mas como pode fazer se ele parece escapar pelos meus dedos depois que te conheci? Porém, acaso eu seja tão inexperiente ao ponto de me deixar levar sem antes pensar, todavia cada pensamento meu está ocupando te idolatrando. Assim, acho que estou condenada a girar violentamente ao seu redor, queimando completamente por você. Então, talvez, mesmo se Bonnie tivesse tido tempo, ela não conseguisse fugir desse tornado; talvez, mesmo com a experiência, Julieta não pudesse se libertar desse vulcão, e nem mesmo Paris poderia lhe fornecer uma saída. 

Creio;

Vamos pintar tudo de branco e cinza, pois precisamos esquecer nossas falhas e palavras. E se por acaso os fantasmas voltarem – e nós sabemos que eles o irão – vamos sair daqui, mudar de cidade. Não vou me render porque um dia prometemos que tudo seria eterno, que nos pertencíamos um a outro. Meu amor, tudo no nosso passado está intocado, os livros no quarto, os copos na mesa, não há o que temer. Vamos tornar o que passou em monocromático, como um filme mudo e se for muito difícil – e infelizmente às vezes o é – iremos fechar nossos olhos e rezar. 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Creio;

Por favor, não posso mais iluminar sua escuridão, caso contrário não terei mais nenhuma fagulha para ignizar meu fogo, então guarda dentro de si seus dragões porque já dei tudo de mim. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Creio;

Querido Novembro, desculpe por renegá-lo, mas você está me custando bastante caro. Gostaria de lhe informar de antemão que você está sendo uma droga e vivencia-lo está sendo uma das piores experiencias possíveis. Imputa-lo tal descaso deriva da sua total inércia quanto a melhoria de minha vida, ou seja, Novembro: dá para mover seu traseiro e fazer algo legal para mim? Muito grata desde já.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Melodia;

And when you're lonely, I'll keep you company, like this world is only made for you and me.

foto by Foxtrot44

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Combustão;

Então eu coloquei fogo em todas as fotos na parede, porque nos colocar sobre a flama me fez ver o quanto dói queimar viva, já que a cada cinza eu sentia meu corpo arder. Por favor, nos torne em brasas para que essa fogueira crepite com todo o nosso passado antes que eu mesma entre em auto combustão. Nesta ignição, no qual todos os juramentos são pólvora, eu gritei seu nome enquanto seus lábios estavam em pirofagia, engolindo o incêndio ao nosso redor. Vamos acabar assim? Excitando cada limite dos próprios sentidos em Sati? Mas nossa pira não irá comportar tantas chamas de âmbar, querido. Inflamaremos o inflamável na nossa torre afogueada porque foram tantos momentos que precisam ser ateados, então apenas deixe o fulgor, porque ao menos estamos juntos até no fim.

foto by: creativ82

O Melhor;

Minha cabeça está sendo enforcada pelo o seu nó, como se suas palavras me sufocasse. Por favor, pode apertar mais essa corda, para que o impacto do meu corpo contra a gravidade ao menos quebre meu pescoço depois da queda? Ou você prefere assistir a um espetáculo? Se isto é seu melhor, então não há motivo para manter esse Coliseu, pois não sou um gladiador para enfrentar uma fera por dia; não posso te fornecer show algum para entreter sua população egocêntrica de você. Então eu desisto. Desisto de tentar ser algo além do que realmente posso ser; desisto de ser benevolente quando não há bondade dentro de mim, só escuridão. E se desistir é falhar, então que o seja, já estou sendo enforcada de qualquer forma.
Preciso curar mil doenças antes de poder tentar amar você. Sou por acaso Madre Teresa de Calcutá? Não consigo nem sanar minhas próprias feridas para te fornecer algum acalento para sua lepra. É como minhas palavras fossem adagas sob sua carne – então eu sou tua doença? O bacilo que te corrói? Mas, este é o melhor que posso fazer, como ser humano imperfeito; como mulher egoísta; como ser possesivo. Se sou a vilã, então o que é você? Minha kriptonita? Porque eu sou menos do que posso ser quando estou com você. Preciso confessar: nada disto que cultivamos me fez bem, mas eu tento. Mesmo com minha cabeça a preço e vinte feras no meu pescoço, corto a ervas daninhas em minhas sentenças e com esta precariedade te dou um buque.
Desta tempestade colhemos uma esperança falha, na qual será utilizada para ampliar teu Coliseu. Cada tijolo terá um pouco de nossas mentiras e fracassos. Somos tolos, libertamos quimeras e minotauros, porque acreditávamos na cidade dourada. É isso que é vida? Quando temos que escolher entre o meu coração ou o seu? Você tem mais alguma confissão a fazer ou prefere manter essa carnificina? Porque não podemos esquecer que este é o melhor que podermos fazer.

foto by: Bixu

Melodia;

I was too weak to give in yet too strong to lose.

foto by nyc0

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Creio;

O sentido de liberdade, ao contrário do que se consta em todos, parece me encarcerar. Ínfimo tal qual uma sala quatro por quatro – não há liberdade o bastante naquela que o mundo dispõe a mim. Precisaria de outros oceanos tão profundos quanto galáxias em pleno tsunami para encontrar plenamente meu total desligamento, porque liberdade não o é. Uma intercessão entre planos dispostos no mesmo mundo, porém que me transfeririam para outros locais e épocas remotas. E se, caso não ficasse presa a algum emaranhado de cordas, o amago do que procuro me engolfaria por osmose.
Por que, porém, nos contemos com a liberdade? Aquilo que nos colocam como libertação não é a liberação em si – é preciso ir além e encontrar um desligamento. Há mais viagens que simples aviões, há mais terras que simples continentes, há mais mentes que simples humanos. São automóveis, estudos, trabalho e uma multidão de pessoas ao nosso redor e constamos isto como felicidade? Não vemos além de nossos olhos e podemos amplexar o pouco como se tal fosse a teoria de tudo?
Existe o aqui, mas existe também o além dentro deste espaço. Se nos fosse possível alcançá-lo, talvez o conceito de liberdade, tão vago e sufocante, devesse sofrer uma transformação. Com base nessa transformação minhas ideias sobre ampliação da libertação, ao ponto tangível de embalsar o desligamento, poderiam estar fundadas em verdades. Um meio de tocar o outro lado dentro do nosso lado sem nos destruirmos por completo, seria isto a liberdade?

foto by: ahermin

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Creio;


Você já pensou o que um sonho advindo de outro continente é capaz de fazer? Nunca passou pela sua cabeça que a origem certa dos furacões são sonhos indomáveis? Como o voo de uma borboleta dentro da Teoria do Caos, um coração pode se converter em chamas ao tocar uma fagulha onírica. Deixe tudo queimar, por favor, porque este furacão de fogo já está formado. Há um furacão de mentiras.

sábado, 23 de julho de 2011

Creio;

Um dia, enquanto descansávamos na grama primaveril, perguntei como deveria ser a morte. Você riu da minha capacidade absoluta de desvirtuar uma conversa animada para um caminho tão mórbido – “isso é tão você” – disse entre risos e uma cara séria fingida. E por uns instantes, após um silêncio anunciando seu processo de pensamento, fitou-me: “acho que nos esquecemos de tudo”; “tudo¿” – perguntei; “tudo” – afirmou, desta vez sério. Acho que nos perdemos em contemplações enquanto o mundo parecia correr mais rápido ao nosso redor – fora da nossa redoma de vidro. “Mas como posso esquecer você¿ Eu não conseguiria. Prometo não te esquecer”, apenas o vento me respondeu ao movimentar as folhas do outono – já era outono¿. Seu muro impenetrável – a Grande Muralha da China – rodou toda sua mente tornando cada acesso impossível, cada porta trancada. E as estações passaram sob os meus olhos ao passo que a trilha sonora muda de sua resposta me consumia. Os anos não mais podem ser contados a partir daquele momento – cinco ou talvez quinze anos – e preciso confessar: não mais me recordo de seu rosto – acredito que o inverno o cobriu com flocos invernais assim que me retirei daquele lugar, o nosso lugar. Lembro-me de você deitado ao meu lado cantando Rolling Stones – ou seria uma sonata¿ Há séculos não tramito por estas lembranças perdidas e agora tudo me soa tão remoto e dúbio. Mas como consegui esquecer¿ Como consegui esquecer a minha velha promessa de não te esquecer¿ Como¿

[foto by:oO-Rein-Oo]

terça-feira, 19 de julho de 2011

Neve;

Quando sinto que estou preste a ficar louca imagino-me em um lugar ermo e perdido, habitado apenas pela neve. Estou ali, encostada em uma rocha monocromática de negro rochoso e branco gelo, despida, porque, nesse lugar, tanto faz se estou em trajes de gala ou sem nada – não há ninguém para me julgar, então me soa mais prático imaginar-me nua. A névoa me consome ao mesmo tempo em que me serve de invólucro protetor, como uma segunda pele me protegendo dos agentes externos.
Com os olhos fechados, talvez para evitar receber alguma informação que não seja meu ostracismo, posso escutar sons de lobos uivando. Posso apenas escutá-los, não vê-los. Não, não posso vê-los porque eles não existem, entende? Ademais eles não podem existir. Se eles existirem teria, então, que forçar minha mente a criar outras mil coisas, como por exemplo, pequenos mamíferos, porque caso contrário os lobos morreriam de fome. E, no final do meu efeito dominó imaginário, acabaria tendo que criar Deus, mas Deus não se cria, é algo tão etéreo e assombrosamente grande que me seria impossível criá-lo nesse meu pequeno mundo gélido, por isso nem lobos nem outra coisa viva pode habitar meu pedaço de imaginação. Quando os lobos param de uivar o vento domina meus ouvidos, soprando intensamente contra mim, movendo as pequenas precipitações de cristais de gelo. Em um balé solitário, os flocos balanceiam pelo vazio brumado, e isso me dá a certeza de que estou viva. Minha intenção, talvez, com esse escapismo peculiar, não seja me dar segurança, mas apenas me convencer de que estou viva. O frio digladiando contra o calor do meu corpo me trás a sensação de que não apenas existo, mas sinto, vivo.
Às vezes chove gotas grossas e geladas, às vezes não – não sei se há um parâmetro concreto ou simplesmente sinto vontade de imaginar a água batendo em meu corpo como em um ritual de purificação. Provavelmente, penso eu, chove porque a água me agrada mais que a neve, entretanto a precipitação liquida não faz a menor diferença no rio alvo e desconcertante. Quando, no entanto, a solidão apavora-me, e quase sempre isso acontece, fecho os olhos com mais força e grito. Não que alguém vá escutar meu grito de socorro – reflito, agora, sobre o quão patético é gritar para o nada – mas é que simplesmente finjo que o grito não é meu, é de outra pessoa tão perdida quanto eu. Algo humano, vivo e pulsante fora de mim propaga uma sensação de amparo, como se segurando minha mão, principalmente se esse ser vivo estiver tão perdido quanto eu – estar acompanhado, até mesmo no desespero, é reconfortante.
A minha terra de lugar-algum é como um espelho que se pode pintar o que quiser. E na minha insanidade pinto o nada, porque isso é tudo o que tenho a oferecer, um grande nada branco. É o nada branco, contudo, que me salva e me regenera.

[foto by: Ivan-Suta]

domingo, 26 de junho de 2011

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Tirando as teias de aranhas e abrindo as janelas para tirar o mofo.

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 Já ouviu falar em “querer o braço todo”? Às vezes oferecemos a mão a alguém e esta pessoa “quer o braço todo”, como se não fosse o bastante. Eu te pedi um quarto do seu menor dedo – por que, como não tenho amor-próprio, considero isto o bastante – todavia esta humilde porção foi posta como dantesca. Mendiguei – solicitar tão pouco e ainda beirar a imploração é sim mendigar – o que já me pertence e, ainda por cima, fui taxada de gananciosa. Quanto ao fato de ter sido me negado o pouco solicitando não me alarmo, porém sim a certeza de que se fosse o inverso o faria como ainda lhe ofereceria todo meu braço, corpo, alma e o que mais desejasse. Isto sim me faz questionar qualquer afirmação, ainda mais aquelas acompanhadas de pontos de exclamação, feitas por você a mim. Todas as pessoas são diferentes, divergem e convergem, porém a humanidade não o deveria. Se somos todos humanos, então por que alguns negam o pão a outros enquanto uns o dão com tanto gosto? Afinal, o que se é preciso para ser humano e praticar a humanidade se se ser ser-humano não nos garante tal aspecto?
               Quiçá humanidade esteja relacionada à coragem; coragem de se entregar o seria¿ Alguns devem ter medo de depositar um pouco de si em outro corpo estranho. Mas viver é deixar uma pegada em cada local em que estamos presente – deixar pegada ou marca é deixar uma parte de si. Então, uns tem coragem de registrar sua passagem pelo mundo, mas não tem coragem de fazê-lo nas pessoas¿ É capaz de passar pelos locais mais belos, com os sorrisos mais fingidos, contudo não é capaz de quebrar a barreira do “educado”. Afinal, é falta de educação doar¿ Se o é, então como se pode viver? Caso contrário, então por que se tem vergonha de o executa-lo quando se tem coragem para mentiras?
               Não te pedi alimento – imagine, posso me manter sem você – mas sim atenção. Estava faminta de atenção e ao me negar um quarto da sua vasta atenção para com os outros me senti mendigando nas ruas. Compreenda que para me manter preciso quebrar a linha do saudável para o doentio: é assim que amo. Amar para mim é qualquer coisa que me deixa mais perto de um manicômio. Mas que loucura é esta que se nega? Que se priva e se contem dentro de um mundo intransponível e inacessível? O mundo das reservas, dos limites, das regras sociais não habita o mundo do romance. Este mundo esta reservado a hipocrisia das amizades falsas e das boas maneiras vazias – neste local nada nasce ou prospera. E, se você tem coragem de me negar sua excessiva atenção o que mais seria capaz de me privar?

Photo by: MissSepia

sexta-feira, 25 de março de 2011

Creio;

Se dever ser, então se figura em tufão, luz, tempestade e explosão. Como se capaz de modificar a translação e rotação terrena. A supernova dentro de mim, dentro de nós pelo motivo mais óbvio concebível: deve ser. Negritude, assobio, chuva de verão e cantiga de ninar – tudo que não se englobe em meus pertences tem tal manifestação. Aquilo que não é meu é tranqüilo como a mansa brisa. De brisa em brisa, se desfaz no tempo, em si por ser estático. Assim,"acredito que quando é meu vem com força. Quando é mais ou menos não é para ser".
[photo by: aimeelikestotakepics]

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entre paredes e copos descartáveis;

Às vezes me sinto como se falando para as paredes. Falo de amor e escuto um discurso sobre tintas coral. Certo que ninguém é igual a ninguém – e é isso o que faz o mundo tão maravilhoso. Já imaginou um monte de Annes andando por ai? Seria tão monocromático e previsível que logo todas as Annes morreriam – mas como as pessoas conseguem ser tão indiferentes? Encaram certos fatos da vida como baratos, artigos chineses das extintas lojas de R$1,99. Um tanto descartáveis e inúteis igualmente copos plásticos os quais ninguém se dá ao trabalho de reutilizar, senão fazendo-se do papel de ecologicamente correto; apenas para não degradar a natureza. Por mera conveniência ou vaidade, cultivam emoções, colecionando amigos e amantes, para após fechar mais outra porta. Com que fins? Com que fins fazem uma lista nada schindleriana, acumulando nomes e faces as quais nem ao menos se lembram? Cultura ou contra-cultura? Um tipo de art brut ou naïf ao fazer dos outros apenas borrões no terceiro plano distorcido, ilegível. Adeptos, de alguma forma desconhecida e não esclarecida, da arte moderna, ou se não canalhas sem corações?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sonho;

Não sonho um sonho jamais sonhado por um mortal. Na verdade, sonho um sonho sonhado por poucos – apenas aqueles que têm coragem ousam. E deste poucos que ousam, ainda não conheço alguém que o tenha realizado. Sonho impossível não o considero, pois apenas sonhos que ainda não foram sonhados, os inexistentes, são impossíveis. O meu sonho existe – se o sonho, então ele é real – mas isto não é o suficiente para fazê-lo vim à realidade. Mesmo que se deseje com toda a alma, toda a força, sonhos como este precisam de algo além da coragem para se tornarem realidade. Tudo o que tenho a oferecer, porém, é um coração em chamas cercado por pólvora – tão perto da iminente explosão. E dentro dessa próxima explosão há uma rebelião em alarido capaz de tudo, até de matar por ele.
Diga-me, você seria capaz de matar por um sonho? Seria capaz de se matar para provar que esse sonho existe e é possível? Mesmo com sua razão no controle, pense: o que se faz quando existe uma luta, travada antes mesmo de seu nascimento, dentro dos domínios de sua mente – apenas suas paredes imaginárias a impede de escapar para o mundo físico – na qual só você pode lutá-la? Matar ou morrer? Pense por esse lado: você lutaria essa luta até que esse sonho explodisse, como um cataclismo tão dantesco que detonaria seus muros imaginários, atingindo a realidade ou deixaria que essa rebelião, explosão, fogo, vulcão tomasse conta de você e queimasse todo o seu mundo em uma nova Pompéia?
Não importa quantas vezes tente-se, o sonho domina, deixa-te submisso. Aonde ir? Todos dizem "Corra. Escape disso". Mas que plano de fuga tramar quando tão poucos se atreveram a mergulhar no sonho? Como um labirinto sem saída, ou se explode todas essas muralhas e se destrói o labirinto do Fauno ou se padece de fome e sede – faminto e sedento por esse sonho. Esse é o problema dos sonhos, eles não se calam até que encontrem a realidade. E então, como fogo e pólvora, sonho e realidade se consomem, queimam e crestam aquele que os uniu – consumindo-se e consumindo.
Agora, na encruzilhada desta luta, preciso apenas de uma faísca e, então, nós dois iremos abrasar em meio a um vulcão. Porque se for preciso, matarei e me matarei por esse sonho de fogo.

[Gif by: iamtheekg]