sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Creio;

Como já diz Joakim Thåström: o amor é para aqueles que tem sorte.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Insensatez;

Tudo ao meu redor era névoa alvura misturado com sensações distintas: amor, terror, desejo, fome. Principalmente fome. Uma ânsia descompassada de puro apetite, sagaz e violento, pulsando em meus membros, minha pele, minha consciência, meu ser, meu âmago. Sempre tomei conta de minha essência, natureza predatória - como um animal selvagem sobre a coleira, mas tudo se exauriu, bem em frente aos meus olhos, meu auto-controlo empenou. Ondas enormes, tsunamis colossais, invadiam minha alma - todas as sensações ultrapassaram o plano corporal, atingindo minha entidade incorpórea. Entornando a racionalidade por um trabalho de Sísifo, arduamente sem fim: era essa a sensação de ajuntar novamente minha integridade moral. Poderia seguir, ou melhor, deixar-me ir com as linhas imaginárias do prazer, que rapidamente se transformavam em ondas circundadas de luxúria, mas não teria mais volta. Uma vez nos domínios de Baco, sempre guiado pela loucura do ímpeto. Não gosto da moreia, da falta de lucidez saturnal, aquela que coloca de lado a consciência mental ao agir e da-se por uma amnésia, porque tenho lembranças sobre tudo o que fiz, cada segudo que vivi de minha vida tive controle o bastante para me recordar. Andar, contudo, em passos incertos é metade do caminho para a loucura, falta de escrúpulos sedutora. Metade do caminho lúcido, metado de caminho caduco: resta apenas um passo para entrar nos campos da insanidade. O que tenho a perder então?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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- Nunca mais volte - eu disse a ele - Nunca mais. Nem que eu implore, nem que minha vida esteja por um fio, nem que seja o fim do mundo: eu nunca mais quero te ver passar por essa porta como se me pertencesse de alguma forma. Não adianta chorar, pedir, argumentar, pois você escolheu desse jeito. Porque tudo tem que ser do seu jeito, então assim o será. Você não fazia tanta questão? Pois bem, eis o que você mais queria em uma bandeja da prata reluzindo aos seus olhos. Se for para falar que fale simplesmente "adeus" - opte pelo silêncio se seus lábios decidirem pronunciar alguma coisa que não seja uma despedida. Agora passe por essa porta localizada atrás de você e a feche após sair.

domingo, 25 de outubro de 2009

Minta para mim.

Talvez esteja apenas querendo provar a mim mesmo que não valho um tustão; uma grande farsa para a humanidade e que, na minha impetuosa ignorância, menti. De fato, passei minha vida mentindo sem parar. Compulsivamente e descaradamente joguei mentiras na cara de alhures como quem joga água. E sinto, agora, que de alguma forma, deveria me redimir pelos meus pecados, mas não consigo, sou incapaz. Não me arrependo de erro algum, não me arrependo de ter mentindo e usado aqueles que hoje choram. E por quê? Porque minha face é cruel, minha verdadeira face é obscura o bastante para admitir que não preciso pedir perdão a ninguém, exceto a minha consciência pelas vezes que me privei da mentira.
Porque mentir não é iludir, é mascarar o que se quer esconder com o que realmente se quer ver - uma ilusão de ótica. Não há nada de errado em omitir a realidade, fantasiando-a com fantasias imaginárias. É um escapismo natural e totalmente humano. Ninguém pode me julgar por um instinto demasiadamente mortal.
Não sou um mal para a sociedade, apenas um artista no ápice da criatividade. Minta, então, para mim; jogue nas mihas costas todas as perturbações que te afligem e eu serei doce como um santo, só para te guiar para bem longe de suas dores. Venha comigo e construiremos um oasis no meio do Saara de nossas mentes, nosso reino do deserto. Seremos reis da mentira, poetas criativos, artistas irreais.
E no fim, após tanto analisar e sonhar, tenho certeza de apenas uma coisa: posso ser sínico o bastante para afirmar tal ilusão de ótica, mas corajoso o bastante para admitir o quanto menti e o quanto mentirei.