terça-feira, 30 de março de 2010

Theorein;

Vejo você, e é isso o que importa; vejo o que és e o que serás. O mundo é um borrão ante sua figura, nada existe de forma concreta, são apenas vultos como plano de fundo, movimentando-se em trajetórias errôneas, bruxuleios fantasmagóricos. Nada consegue captar minha atenção: o céu, a terra, o fim do mundo, o fim de mim, minha insanidade mutante - que importa, afinal? Nada poderia importar mais que manter minha cabeça girando em torno de você, em uma elipse perpendicularmente próxima ao seu planeta, como seu satélite. Vi e continuo vendo você, através das neblinas densas, além dos olhos esverdeados e insanos, como dissimulados demais para se manterem quietos. E as nebulosas se dissiparam, a atmosfera bipartiu-se em dois pontos de referência: com e sem você - com você eu sou tudo, incluindo felicidade, sem você eu sou tudo, menos felicidade. Como se em transe, perdida no meio de uma miragem, nossa miragem, tudo o que vejo é você, é você, é você...

Palavra grega theorein: ver com os olhos do espírito.
[foto by: bouloulou]