segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ela;

Saiu e voltou. A porta estava aberta – eu não a havia fechado? Olhava e sorria, no olhar era felina, no sorriso apenas uma linda garotinha. O sapato vermelho, o cabelo jogado de lado, a boca escancarada em risos tímidos e sem pudores, a mão espalmada na própria cintura: haveria alguma forma de dizer "não"? Ela era ela, mas eu também era ela. Aproximava o corpo, olhando fixamente em meus olhos, para a parede, para o chão - "Que olhar mais dissimulado, minha garotinha". Eu poderia ter o suficiente de você por uma noite? Jamais. Tornou a sair, voltando com o riso mais nítido. Minha garotinha, minha adorável garotinha tinha o jeito mais insano de se movimentar. Como se não houvesse ninguém, ela se movia até mim dizendo “Quero ser a caçadora, hoje, você deixa?”. Eu sempre seria sua caça, seu objeto, sua, sua, sua, apenas sua. Encontrou-me na cama, poderia ter feito qualquer outra coisa, mas preferiu manter o silêncio e encarar meus olhos de desejo – “Posso ser sua caçadora?” e eu permitia qualquer ato insano de sua mente criativa.