sábado, 29 de maio de 2010

Adrammelech;

As nuvens cinza se sobrepondo, formando uma maciça forma disforme sobre nossas cabeças, entre você e adrammelech, nosso ponto de referência. Meticulosamente planejado e calculado, compondo o único atalho em espiral: voltaríamos ao mesmo ponto toda vez que tentássemos fugir – está feliz agora? Isso é a felicidade para você? Porque essa será nossa eterna felicidade: retornaríamos a essas terras secas para andarmos sozinhos até que o crepúsculo nos engolisse. Transpondo-me, assim, a esse oceano de lágrimas para navegar pelos sete mares com seu galion e, então, afogar-me em meu último suspiro - estaria morrendo afogado no meio de um ciclone de ar, morrendo de tanto oxigênio. Pelo dia, depois de meu funeral atado ao meu orgulho e seu mais profundo abismo, com as serpentes amorfas em sua língua, vomitaríamos tubarões após nos servir de leões: você pode imaginar o quão épico e fantástico seriamos juntos?
Precisaria de um milhão de mentiras para tentar esquecer meus milhões de assassinatos em sua homenagem, apenas para conseguir esquecer seu nome, mas é impossível te deixar ir ou desfigurar sua beleza em minha mente. Nesse processo de dor, então, você precisa me perdoar por todas as vezes que eu, tentando te esquecer, te matei. Pois, através do perdão, o único e real assassinato, nossa Terra do Nunca, nosso escapismo localizado entre a morte e o nascimento, estaria cada dia mais próxima, cada dia mais em plenitude. Aqui nunca mais diríamos “adeus” e eu poderia parar de cavar minha própria cova enquanto você procura nesse mesmo chão as respostas para que eu continuasse a mentir por você.
Feche seus olhos, agora, e em um segundo essas palavras viraram poesias shakespearianas, assim você poderá compreender o quão insano fiquei por você – é que você é tão linda. Amor, entenda, estaremos sempre juntos, seja no bem seja no mal, eu sou seu destino, a corda sobre o seu pescoço, sou sua vida e sua morte, seu salvador e seu algoz.