sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Remate;


Eu fechei meus olhos esperando que tudo isso passasse rapidamente por mim, pelo menos rápido o bastante para eu não sentir nada. Queria que o tempo voasse, escorregasse pelas minhas mãos até o nada. Sussurrei um nome o desejando aqui para segurar minha mão e dizer que finalmente o tempo iria dar uma trégua. Minha mandíbula tremia enquanto forçava meus músculos a prender meu grito de desespero. Minhas pernas estremeciam até o chão tentando correr para longe de tudo e todos. De joelhos entre as paredes de minha prisão tentando rezar uma oração improvisada, mas já nem sabia o que estava falando para Deus. Ciciei palavras sem sentido acreditando que alguém pudesse me escutar. Era tarde demais para esquecer e cedo demais para superar.
Quero um tempo só para mim, quero um tempo longe da minha existência para saber como é viver sem existir.
Certas palavras insistem em permanecer na mente, rodeando a sanidade, secando a única certeza existente. Aquelas palavras atravessaram minha alma e a mortificaram. Tudo o que eu era não é mais, passado, pó, cinzas. Tudo o que eu acreditava dissipou-se em frases não pensadas.
Recolho calmamente o que sobrou de mim para tentar continuar a minha existência. Milhões de estilhaços espalhados pelo chão da vergonha. Transformei-me em um quebra-cabeça impossível de ser montar. Mesmo que, por algum milagre, conseguisse juntar algumas peças nunca mais seria o mesmo. Esse é o fim do que eu era e o começo do que vou ser.