Hoje me salvei de cair novamente
ante aos seus pedidos inescrupulosos de salvação, então, por favor, não me peça
mais luz porque não sou sua usina nuclear particular. Não posso me manter sã e
ao mesmo tempo evitar que suas feridas se expandam, ampliando sua lepra. Qual
minha parcela de culpa quando você é incapaz de se perdoar? Preciso ficar aqui
alimentando seu ego com palavras vazias e repetitivas? Qual o sentido de manter
você ao meu lado se toda a causa de sua enfermidade está em que sou? Prefiro
perder todo o passado sutil partilhado por ambos e finalmente admitir a mim
mesma que não sinto falta de você, mas do que costumávamos ser, a alimentar tua
quimera de hipocrisias. Estamos no fim da linha, no fim do mundo – ou seja lá
como você chama o fim de um relacionamento. Não quero sua amizade, pois ela
apenas iria me lembrar do quanto te machuquei e o quanto fui machucada; não
quero te ver por ai e dizer “Olá! Como vai?” fingindo que nada disso aconteceu.
Aconteceu, poxa! Um dia eu te encontrei por acaso, apaixonei-me perdidamente e,
assim como você, iludi-me. É natural este tipo de coisa e pode apostar como
agora há mais de mil casais se apaixonando que em um futuro não muito distante
irão se separar e viver suas vidas. E pode apostar como todos sobreviveram ao
fim, todos seguirão com suas rotinas e planos individuais. Não é o fim do
mundo, não é motivo para suicídio, não é desculpa para insanidade não é um
caminho para o desleixo total: há esperança porque a vida está além de se
relacionar com outra pessoa e planejar uma vida perfeita a dois. Por favor,
ache sua felicidade e seja feliz sem mim, sem se embasar no que eu quero e no
que eu acho. Olhe para o céu e veja simplesmente estrelas e não fique inventado
teorias loucas que te levem até mim porque eu não estarei fazendo o mesmo.
Agora dê sete passos até a porta da frente, erguendo a cabeça, diga “Adeus” sem hesitar e coloque seu corpo dentro o mundo
pulsante lá fora.