Eu queria poder dizer que o
encontrei e então éramos felizes para sempre, mas, para minha vergonha, ele me
encontrou deitada no chão em pedaços – com um olhar sabia que eu estava
quebrada. E o mundo, tão negro e sombrio, movia rápido demais e era luminoso
demais e todos gritavam ao mesmo tempo porque ele sorriu. Caminhei em sua
direção com tanta determinação, como se cada célula do meu corpo dependesse
disso, porque seu sorriso me tragava como um buraco negro sugando minha galáxia
inteira. É possível se dizer crente após dividir um espaço no mundo ao lado de
uma pessoa que soava tão angelical como ele? Fui tão longe sem nem ao menos me
mover; queimei tão intensamente que me vi estrela; gritei tão alto que minha
voz se perdeu no vácuo – porque eu era ele, eu era eu, eu era nós. Quando
olhava para o lado o via, mas bastava piscar para tudo ficar enevoado e
acordava distante de mim. Mas o problema é que eu sentia na minha pele, quando
ela não estava ocupada demais se arrepiando com seu toque, que você só iria me
puxar para baixo. Nenhuma das suas palavras poderiam me indicar onde iriamos
parar, como iriamos terminar, mas eu confiava porque o via tão inteiro, tão imune
que pensei me ver inteira novamente. Mas a verdade é que ele estava tão
despedaçado quanto eu, apenas estávamos mortos a nossa maneira – cada um em seu
próprio pesadelo. Agora olho para todas as cores que pintei ao seu lado,
totalmente imersa no sentimento de o ter ao meu lado, que apenas me questiono:
como vou gritar por ajuda quando estou trancada dentro de mim? Eu deveria saber
que ele era apenas um problema ambulante, mas eu tinha que arriscar, tinha que
ir a lugares que nunca fui, experimentar colorações distantes e fechar meus
olhos. Apenas pensei que isso era viver, mas estou deitada no mesmo chão,
juntando todos meus fragmentos, cega, perdida porque acreditei na salvação
quando só via demônios me entretendo.