Eu queria poder dizer que o
encontrei e então éramos felizes para sempre, mas, para minha vergonha, ele me
encontrou deitada no chão em pedaços – com um olhar sabia que eu estava
quebrada. E o mundo, tão negro e sombrio, movia rápido demais e era luminoso
demais e todos gritavam ao mesmo tempo porque ele sorriu. Caminhei em sua
direção com tanta determinação, como se cada célula do meu corpo dependesse
disso, porque seu sorriso me tragava como um buraco negro sugando minha galáxia
inteira. É possível se dizer crente após dividir um espaço no mundo ao lado de
uma pessoa que soava tão angelical como ele? Fui tão longe sem nem ao menos me
mover; queimei tão intensamente que me vi estrela; gritei tão alto que minha
voz se perdeu no vácuo – porque eu era ele, eu era eu, eu era nós. Quando
olhava para o lado o via, mas bastava piscar para tudo ficar enevoado e
acordava distante de mim. Mas o problema é que eu sentia na minha pele, quando
ela não estava ocupada demais se arrepiando com seu toque, que você só iria me
puxar para baixo. Nenhuma das suas palavras poderiam me indicar onde iriamos
parar, como iriamos terminar, mas eu confiava porque o via tão inteiro, tão imune
que pensei me ver inteira novamente. Mas a verdade é que ele estava tão
despedaçado quanto eu, apenas estávamos mortos a nossa maneira – cada um em seu
próprio pesadelo. Agora olho para todas as cores que pintei ao seu lado,
totalmente imersa no sentimento de o ter ao meu lado, que apenas me questiono:
como vou gritar por ajuda quando estou trancada dentro de mim? Eu deveria saber
que ele era apenas um problema ambulante, mas eu tinha que arriscar, tinha que
ir a lugares que nunca fui, experimentar colorações distantes e fechar meus
olhos. Apenas pensei que isso era viver, mas estou deitada no mesmo chão,
juntando todos meus fragmentos, cega, perdida porque acreditei na salvação
quando só via demônios me entretendo.
Rêverie
c'est comme voler
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
domingo, 24 de março de 2013
Castelos de cristais são destinados a se quebrar;
Era uma vez um lindo castelo de
vidro. Era o mais belo castelo de cristal já existente e brilhava ao por-do-sol. O castelo era de cristal certo? Então bastava um grito, uma pedra para
tudo estar no fim, mas era o castelo mais bonito dos campos então era isso o
que importava. Porque a beleza era tudo e o castelo era o mais lindo.
Ela era uma linda princesa. Uma linda princesa em um mundo mágico. E era isso tudo. Ela era feliz no seu castelo de cristal. Ela era feliz ok? Ao seu modo, sozinha no seu mais belo castelo sem ninguém, porque quem precisa de alguém quando se tem um castelo tão belo de cristal? E ela era feliz. Reinando feliz sobre todos os seus súditos imaginários em seu castelo de cristal vazio. E aquilo era felicidade, era tudo o que ela conhecia então TINHA que ser felicidade, mas não era. Era apenas solidão e vaidade. Mas o que se pode fazer quando tudo o que você conhece é a pura vaidade? Beijar seu próprio reflexo em seu castelo vazio de reflexos? Em cada canto sua imagem refletia. Era apenas adoração de si mesmo. E era tudo o que ela tinha em mãos.
Com as mãos sobre os cabelos ela reinava, mas sobre quem? Sobre si mesma, sobre seus amigos imaginários porque ELA ERA SÓ EM SEU CASTELO MAIS BELO E VAZIO. Os campos vazios, o trigo vencido, os aposentos distantes, as escadas escuras. POR DEUS AQUELE CASTELO NÃO ERA DE CRISTAL ERA DE PEDRA E ESCURIDÃO. Então ela pegou uma pá e enterrou seu castelo. Para que reinar sobre o vazio? E ela enterrou o mais belo castelo de cristal dentro de si, mas o castelo não foi destruído, apenas escondido porque ela tinha vergonha. Ela tinha vergonha de governar sobre o nada. Então ela o enterrou não por dignidade, mas por vaidade. Ninguém poderia saber sobre sua maior vergonha: ela governava sobre o nada. E o castelo de cristal ficou enterrado e com o tempo fora quebrado, entortado. Mas ele ainda existia dentro dela. E ela o enterrou, o enterrou. E fugiu do mundo mágico de cristal porque ele significava sua maior vergonha. Ela fugiu com as asas de borboletas transparentes.
Quando ela retornou seu mundo de cristal estava definhando, mas era um monstro. Sua vaidade era gigante. E ela tentou desconstruir, tentou enterrar seu mundo de cristal, mas ele gritava, gritava com ela. Aquilo era ela: vaidade transparente. Pegue sua pá, princesa e enterre esse castelo. Mesmo que ele tente te engolir, desapareça com esse castelo da minha frente! Porque ele não é seu refugio, ele é sua vergonha. Corra, garota, CORRA. Esse castelo vai te pegar. E ela corria, ela corria porque tijolo por tijolo aquele castelo a engolia. Agora, com a cabeça nas nuvens, CORRA.
Ela era uma linda princesa. Uma linda princesa em um mundo mágico. E era isso tudo. Ela era feliz no seu castelo de cristal. Ela era feliz ok? Ao seu modo, sozinha no seu mais belo castelo sem ninguém, porque quem precisa de alguém quando se tem um castelo tão belo de cristal? E ela era feliz. Reinando feliz sobre todos os seus súditos imaginários em seu castelo de cristal vazio. E aquilo era felicidade, era tudo o que ela conhecia então TINHA que ser felicidade, mas não era. Era apenas solidão e vaidade. Mas o que se pode fazer quando tudo o que você conhece é a pura vaidade? Beijar seu próprio reflexo em seu castelo vazio de reflexos? Em cada canto sua imagem refletia. Era apenas adoração de si mesmo. E era tudo o que ela tinha em mãos.
Com as mãos sobre os cabelos ela reinava, mas sobre quem? Sobre si mesma, sobre seus amigos imaginários porque ELA ERA SÓ EM SEU CASTELO MAIS BELO E VAZIO. Os campos vazios, o trigo vencido, os aposentos distantes, as escadas escuras. POR DEUS AQUELE CASTELO NÃO ERA DE CRISTAL ERA DE PEDRA E ESCURIDÃO. Então ela pegou uma pá e enterrou seu castelo. Para que reinar sobre o vazio? E ela enterrou o mais belo castelo de cristal dentro de si, mas o castelo não foi destruído, apenas escondido porque ela tinha vergonha. Ela tinha vergonha de governar sobre o nada. Então ela o enterrou não por dignidade, mas por vaidade. Ninguém poderia saber sobre sua maior vergonha: ela governava sobre o nada. E o castelo de cristal ficou enterrado e com o tempo fora quebrado, entortado. Mas ele ainda existia dentro dela. E ela o enterrou, o enterrou. E fugiu do mundo mágico de cristal porque ele significava sua maior vergonha. Ela fugiu com as asas de borboletas transparentes.
Quando ela retornou seu mundo de cristal estava definhando, mas era um monstro. Sua vaidade era gigante. E ela tentou desconstruir, tentou enterrar seu mundo de cristal, mas ele gritava, gritava com ela. Aquilo era ela: vaidade transparente. Pegue sua pá, princesa e enterre esse castelo. Mesmo que ele tente te engolir, desapareça com esse castelo da minha frente! Porque ele não é seu refugio, ele é sua vergonha. Corra, garota, CORRA. Esse castelo vai te pegar. E ela corria, ela corria porque tijolo por tijolo aquele castelo a engolia. Agora, com a cabeça nas nuvens, CORRA.
[foto by: JenniferHealy]
sábado, 24 de novembro de 2012
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Quando ninguém via ela soltava as tranças, libertando as madeixas da ditadura da moda, retirava os pés dos sapatos e os dispunha no chão. Corria pelos campos, mesmo quando havia neblina, porque ela era livre e é isso o que a liberdade faz conosco: nos retira da pressão e dos costumes. Movia-se graciosamente pelo ar a base de solfejos e sonatas, como em um balé constante – a dança da liberdade. “Deixa-a ir”, pensei ao admirar seu corpo esquio, “deixa-a ser, porque se você tentar entende-la por completo irá prende-la e, lentamente, definhará sem a possibilidade de se desembaraçar do mundo” e foi o que fiz. Aprendi tudo o que tinha para saber sobre ela, porém sem a prender, pois sua beleza estava no desassombro, nos pés em passos desordenados e caminhos alternativos. Andando como quem precisava de um neologismo para se fazer compreensível, a dama da neblina, do balé, dos pássaros e da noite: de todos, mas nunca minha.
[foto by: chedoy ]
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
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Seu coração está tão despedaçado quanto o meu, mas há mais escuridão em você do que no próprio inferno, nesse caso como vamos nos salvar? Se eu quisesse, todavia, promessas de resgate exigiria fidelidade, porém nem ao menos posso te ter tempo o suficiente para chamar de meu – acredito que qualquer corpo flutuando no ar me pertence mais que seus sentimentos. Disse-me não ter a intenção de abrir meus olhos quanto às probabilidades negativas – tudo contra nós, como você já mencionou – mas adivinha? Apenas vejo suas palavras emaranhando as tênues linhas traçadas ao nosso redor. Não queria ficar só, todavia porque me afastou? Por acaso disse que desejava confundir mais ainda sua própria confusão, adjuntando os pedaços de mim com seu quebra-cabeça? São tantos segredos enterrados embaixo de sua pele – igual a todos os outros, você é pura comistão de verdades, mentiras e meias verdades. Não esconda a única verdade: quer me machucar? O faça, pois estou com minha armadura faz algum tempo, bem antes de colidimos já lutava contra dragões e engolia tubarões, contudo não precisa cuspir sua pena no meu rosto. É que, se você se importasse de verdade – ou ao menos guardasse piedade – nunca teria me deixado saber sobre a total desordem que habita sua alma, por isso não me venha com falsa compaixão. Fuja de mim no final, porém não esquece: não se começa uma tempestade quando se tem medo de trovão.
domingo, 7 de outubro de 2012
Creio;
Amor, estamos vivendo um amplo progresso entre nada e zero - nessa constante progressão, é inexorável minha frustração.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Wyatt;
They flee from me that sometime did me seek, with naked
foot, stalking in my chamber. I have seen them gentle, tame, and meek,
that now are wild and do not remember that sometime they put themself in
danger. To take bread at my hand; and now they range, busily seeking with
a continual change.
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